(...) devagar abriu a porta de casa e sentou na cadeira posta na calçada.
puxou seu baeta para cobrir os olhos e fingiu cochilar, mas com rabo de olho observou a viúva passando com seu rebolado.
"êtaviuvaboa"
"o que disse seu velho?"
"é uva da boa" — emendou com uma risada.
"tome tento, seu João"
sorriu e voltou a encostar a coluna na parede. de longe avistou sua menina:
"vá tomar banho. se arrumar, ficar bonita. hoje o pai vai te levar para passear, minha menina"
e ela foi saltitante pra dentro de casa. e sorriu de novo. hoje não teve vontade chorar.
o velho pai da menina não se trancou. não chorou. não assustou a menina. estava tudo bem.
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