São 10 da manhã.
A luz de novo dia invade o quarto, se apossa de cada fresta
da janela e me desperta em uma nova manhã.
O desejo súbito de ter feito algo mais cedo.
Ter acordado mais cedo.
Ter aproveitado cada
minuto daquela manhã, naquele novo dia, daquela nova oportunidade de fazer algo
novo, de novo, totalmente algo novo.
Novo. Qualquer coisa.
O peito em ansiedade sufoca em falta de ar. Será fruto da
doença, a asma? Ou somente minha ansiedade me acorrentando entre o desejo de
fazer algo e a impossibilidade de vencer essa ânsia? Essa ansiedade que me
aprisiona, tanto meus movimentos, quanto minha respiração, minha vontade, meus
desejos, meus sonhos... tão fácil culpar algo que você não pode vencer. Não pode?
Eles dirão. Não pode mesmo? – É só deixar pra lá. É, deixa pra lá essa
ansiedade. Para de ser ansioso! É só deixar de ser. E você será. É o que todo
mundo diz, não é mesmo?
Ou tem medo? Tem medo de vencer a suposta ansiedade e não
ter o que culpar, talvez seja somente culpa tua mesmo. Sua preguiça, eles
diriam. Talvez seja a sólida manhã que roda o relógio rápido demais e faz o dia
se tornar noite sem que você vença seus próprios movimentos. Sem que você tenha
controle. Sem que você possa segurar o dia só um pouquinho até conseguir
realmente fazer algo proveitoso. Tão mais interessante a procrastinação, a exuberância
do nada somado ao novo ano que se inicia com seu aniversário. Um gole de café,
rolar na cama de lado, ostentar o celular próximo, a conhecida fadiga, mais um
episódio na TV.
Chove lá fora.
O gato incomoda no telhado.
Os latidos de novo.
A dor de cabeça, novamente. Ah, será que devo tentar fazer
algo diferente amanhã?
Talvez sim. Talvez eu deva. Talvez consiga. Quem sabe né?
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