terça-feira, 6 de outubro de 2015

Casulo



A jovem criança observou por dias o desenvolver da borboleta que a cada dia, a cada centímetro, saia para a vida. Os minutos se passaram sem que nada se movesse, sem que nada acontecesse ao casulo: 

“Será que ainda está viva?” pensou.

Um dia, porém foi diferente; como de costume toda manhã correu para observar “O nascimento de uma borboleta”, dizia mamãe e o casulo tinha desaparecido, como mágica, como toda mágica que via nas festas de aniversário e não acreditava. “Deus levou a borboleta?” perguntou à sua mãe. A resposta não lhe agradou: “A borboleta nasceu filha, voou pra bem longe e foi conhecer outros lugares” ela imediatamente desatou a chorar: “Como nasceu e voou para longe? Como nem mesmo me conheceu? Como nem mesmo me agradeceu por observar seu nascimento?!”
Sua mãe não sabia como responder exatamente, se lembrou de fantasmas do passado, de mágoas que carregava no peito por anos e em um ato impensado apenas lhe respondeu com um olhar distante: “Assim como seu pai voou para longe sem mesmo lhe conhecer, é isso que todo mundo faz, inclusive a borboleta”

O choro da criança se prolongou dessa vez incessantemente.


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