terça-feira, 6 de outubro de 2015

Gritos. Mudos. Surdos.

De repente, não mais que de repente a jovem menina desabitou moradias sombrias do passado, fechou portas que outrora se abriam com freqüência e arquivou sonhos de uma carreira brilhante que se encaixava perfeitamente em um futuro próximo.

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Já nas bancas manual de como fazer amigos

Você está ficando velha.
Você está perdendo tempo. Você já passou dos 20. Seus pais não vão durar para sempre. Você ainda não sabe fazer arroz? Por que você ainda usa all star?

A crise financeira do país deixará mais desempregados esse ano que nos últimos 10 anos.

Sem faculdade você não é nada.

Você sabe se colocar bem em uma entrevista de emprego?


Você não vai ser jovem pra sempre. Os anos estão passando rápido demais. Você vai ficar pra titia?
Como assim você não quer ter filhos?

Quando você passar dos 25 anos deve ser bem sucedida profissionalmente, amorosamente, financeiramente, mente, mente, demente, que saco viu.



Estou cansada. 

Casulo



A jovem criança observou por dias o desenvolver da borboleta que a cada dia, a cada centímetro, saia para a vida. Os minutos se passaram sem que nada se movesse, sem que nada acontecesse ao casulo: 

“Será que ainda está viva?” pensou.

Um dia, porém foi diferente; como de costume toda manhã correu para observar “O nascimento de uma borboleta”, dizia mamãe e o casulo tinha desaparecido, como mágica, como toda mágica que via nas festas de aniversário e não acreditava. “Deus levou a borboleta?” perguntou à sua mãe. A resposta não lhe agradou: “A borboleta nasceu filha, voou pra bem longe e foi conhecer outros lugares” ela imediatamente desatou a chorar: “Como nasceu e voou para longe? Como nem mesmo me conheceu? Como nem mesmo me agradeceu por observar seu nascimento?!”
Sua mãe não sabia como responder exatamente, se lembrou de fantasmas do passado, de mágoas que carregava no peito por anos e em um ato impensado apenas lhe respondeu com um olhar distante: “Assim como seu pai voou para longe sem mesmo lhe conhecer, é isso que todo mundo faz, inclusive a borboleta”

O choro da criança se prolongou dessa vez incessantemente.