quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Âmago

De tudo restou o silêncio, meio copo de amargura e dois de solidão.

De tudo restou nada.

E eu ainda danço quando ouço todas as músicas que ouvíamos na escuridão do quarto. Minha silhueta em um rebolado na parede e você a me observar em silêncio, quieto, parado com sua respiração acelerada e seus olhos em minha direção.

E eu ainda digo todas as coisas que ensinamos as paredes do quarto.
E eu ainda fumo cigarros às escondidas.
E eu ainda bebo tudo aquilo que me ensinou a beber.
E eu ainda danço.

E eu ainda te quero. E eu ainda danço.
E eu...

E o quarto...


E minhas pernas ainda se contorcem. E da solitude que me restou eu agora te vejo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

E há apenas ar entre nós.

E uma mascará escorre em meu rosto. Bem devagar ela escorre entre meu rosto e pescoço e corpo. Eu posso senti-la entre meus dedos. Minha mascará que sustento dia-a-dia. Ela se esvai.

Esvai-se.
E vai.

E sobra minha carne em osso e pele viva. Posso sentir me desintegrar em moléculas.


E tudo que resta é apenas o silencio, o vento, o mar e o ar entre nós.

Há apenas

ar

entre nós.