quinta-feira, 21 de julho de 2022

o ontem parece hoje

 ontem achei nos meus textos do começo do ano que estive à caminho do precipício, que me encontro, há muito tempo. com idas e vindas, mas agora está muito pior e me engolindo. tenho crises de choro ao longo do dia. tenho taquicardia. meu emocional está no lixo. e eu me odeio tanto por isso. deixei chegar a esse ponto. eu que jurava ter me curado. eu que enumerei cada vitória. eu que jurei que nunca mais isto ia acontecer. me sinto culpada. não me conheço tão bem quanto eu achei que conhecia. 

agora estou aqui tentando tão desesperadamente sobreviver. mas não sei como. por onde começar. 

me sinto mal. lixo absoluto. essa altura do campeonato na vida e tão frágil, fraca, impotente. tenho tanta vergonha. 

sábado, 16 de julho de 2022

 fracassei em tudo. 

nessa existência boba sem sentido. nessa cadeia giratória que me engole. neste prazer inerte. nessa vida. emito entre grunhidos falsas frases de esperança. tento esconder que estou morta a muito tempo por dentro. não sei se existe chave que volte. minha cabeça doente pede somente sossego. queria sair daqui. 

estou tentando calar todos eles. cada demônio do passado. do presente. 

exige muito de mim. 

domingo, 10 de julho de 2022

\Julho

houve um tempo que já foi pior. mas ainda não é bom. é inferno astral. costuma melhorar mais perto, mas antes é massacrante. culpo as estrelas. a data “comemorativa” no calendário que vira outra idade. culpo a mulher que sou. 

enlouqueço devagar. me choca. me paralisa. em silêncio aceito. não há outra alternativa. consumida pela vontade de tanta coisa e pelo estado constante de “depois eu faço”. uma hora vai dar certo, eu penso. talvez não dê tempo. talvez eu passe a vida reclamando pro espelho e ditando com palavras sem sentido enquanto observo que envelheço. eu não vou mudar? 


queria ter algum tempo entre a ansiedade de ontem e a de hoje.  

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Outra coisa

    Condicionados ao estado imediato de imersão à sobrevivência. Sobrevivemos em grupos designados à serviço. Nas mãos, nos ônibus, em casa. Lá. No celular: vidas impossíveis em redes sociais. Beleza. Riqueza. Vitórias. Em nossa cabeça esgotamento emocional, completa alienação da rotina fora da sala de escritório. 

    Em constante e permanente cabeça baixa. Olhos ao monitor. Ao teclado. Correria. Não há linha de chegada. Cansaço. Estado alerta de tempestade. Imposição. Somos gerados para servir. A dignidade em trabalhar constantemente e invejar corpos sarados. Peles perfeitas. Nenhum cansaço pra eles. Todo cansaço pra nós. 

Acordar e servir. Eu nunca vou me acostumar. Sou criatura incomoda. Sou questionadora nata. Sou inconstante e inquieta. Tudo me parece pouco, imperfeito. Eu quero mais! Eu sempre quero mais! Mais descanso. Mais diversão. Mais vida. Menos trabalho. Menos esse estado de sobrevivência. 

Quero outra coisa. Quero ter tempo também. Quero outra coisa. Eu não quero me acostumar. Quero incomodar.