o ponto de ruptura que sinto vez ou outra se alastra por toda minha vida e sigo ignorando ou passando por ele como se já acostumada a lidar com esse ponto cego dos meus passos.
me questiono se todo mundo se sente meio perdido como eu vez ou outra ou eu sou especial? ou eu nasci com esse dom de achar toda a existência humana estranha demais sozinha?
sou preguiçosa demais e me odeio por isso. queria me dedicar fielmente à escrita e viver disso aqui, sou feliz quando faço isso aqui, mas tenho preguiça pois exige muito de mim e tenho outras coisas no dia, na vida para fazer, dai não consigo me dedicar ao que amo fazer. porque sou isso. preguiça em pessoa. é frustrante.
não sou interessante e talvez eu devesse me acostumar a isso antes de passar toda minha vida buscando algo de especial sobre mim, não tem, não existe. sou comum, normal, mulher, carne, osso, defeitos, prazeres e dores.
amanhã tenho que voltar praquela caixa chamada escritório depois de dias doente de atestado, meu deus que inferno. me sinto fora do eixo em casa por tempo demais, mas quando fico em silêncio no meu quarto com minha gata, minha cama, quase frio e a janela aberta me sinto em paz. como se estivesse no lugar mais seguro do mundo. observo o vento lá fora e quase chove vez ou outra e tenho paz. é calmo e bom.
dai escrevi um pouquinho hoje, nesse terceiro livro que sonho tornar real. dessa vez é de contos e é muito melhor do que tudo que já escrevi, ao menos acho eu.
mas daí sinto essa ruptura dentro de mim, como se estivesse passado por algo grande demais pra voltar a ser minha antiga eu. atarefada em um escritório que faz pensar redondo e quadrado durante todo o dia.
descobri que sou boa nisso também. em pensar redondo e quadrado como todos querem, mas eu quero isso?
/quase 30/janeiro/2022