Tudo escureceu. De repente muito fortemente.
Pensei em suicidio e ainda penso.
Falta coragem. Mas não sei até quando
Tudo escureceu. De repente muito fortemente.
Pensei em suicidio e ainda penso.
Falta coragem. Mas não sei até quando
Me deito em posição fetal na minha cama.
Na minha cama que é torta e é do lado da parede com mofo. Faz frio. É inverno. Cheguei do trabalho a tempos, mas insisto em permitir que a hora avance, insisto em me deixar ser conduzida pelo meu telefone. Queria esquecer dele pra sempre.
Será se houve um tempo que eu não usava tanto assim o telefone? Ultimamente tem me incomodado muito o uso contínuo que tenho tido, mas não consigo sair daqui.
Do on-line.
Pandemia despertou coisas estranhas entre nós. Principalmente a frieza com que somos esquecidos.
Por falar em esquecer tenho esquecido muita coisa, entre elas as palavras. É recorrente.
Tenho medo de não aproveitar qualquer coisa banal que esteja acontecendo ao meu redor porque fiquei muito tempo aqui na frente da tela do telefone, mas daí me lembro que talvez tenha esquecido como viver em sociedade corretamente, como esperam de mim. A culpa, creio eu, seja da pandemia. Mas algo que me diz que eu sempre fui assim.
Não sei quem eu deveria ser. Vi essa frase em um filme. E é tão eu. Não sei quem sou, quem me tornei. O estranhamento é sempre após aniversário. Infernal.
Sei que não sou quem eu deveria ser e não sei se conseguirei ser quem eu sonhei que seria com essa idade. Talvez não chegue nem perto, pois tenho essa coisa com o tempo e quero ele na minha mão e nunca vou conseguir isso; é enlouquecedor.
As vezes eu pesquiso sobre mim, coloco no Google minha URL, meu nome completo, qualquer coisa que tive, como se eu tivesse que me reencontrar. Também sinto os olhos cansados no espelho e a rejeição de outrora nubla meus pensamentos e sinto vontade de mudar completamente qualquer coisa em mim. Para me sentir no controle de novo.
“Mas não adianta nada, todo mundo a rejeita“