quinta-feira, 27 de dezembro de 2018


Preciso escrever.
Exacerbar meu direito de escrever. 

Loucamente. Aos plenos pulmões. Esse direito. Essa vontade.

Colocar em palavras tudo aquilo que não consigo dizer. Tudo aquilo que ninguém ouve. Tudo aquilo que me sufoca.
Por isso estou aqui. Escrevendo.

É final do ano. De novo. Estou perdida. Infeliz. Perdida. Sem saber a menor direção ao qual tomar. Quero gritar, mas as 4 paredes de um escritório me impedem, meu chefe, a colega de trabalho me impede de gritar, de chorar, os e-mails chegando aos montes me impedem de gritar, de socar, de fugir. Os boletos. As faturas. A sobrevivência. Tudo me impede de fugir.

Esse ano desfiz tudo.

Por 9 anos trabalhei no mesmo lugar e pedi demissão. Saí da zona de conforto. 
Por 2 ou 3 anos (não lembro mais) namorei alguém. Eu terminei.
Agora estou aqui. Perdida de novo.
Trabalhando em algo que não sinto o mínimo prazer e parece sucumbir minha criatividade e vontade de viver.
Vivendo de amores baratos que não me preenchem.
Estou aqui. Perdida.

Ontem percebi que, enfim, seguimos pra valer caminhos opostos. Novos "amores" e o sentimento ao ler aquilo me encheu de raiva e lágrimas que não desceram. 
Por que? Eu não sei a resposta. 

Estive com ele. Entregue. Totalmente entregue, mas decidi pedir o fim quando vi que tudo que podia ser feito para ficarmos juntos não foi mútuo. 
Apenas veio do meu lado.
Provavelmente ele veja diferente. Pouco importa agora.
Seguimos em direções diferentes.
 Agora. Pelo jeito. Pra sempre.
O que machuca é a lembrança. São as fotos. As malditas fotos. As malditas lembranças. Dói lembrar. 

Naquela manhã pensei em escrever a ele. Algo sublime, como boa sorte, como fique bem ou algo do tipo. Não escrevi. Não tive tempo.
Não sei mais o que esperar. Não tenho planos. 

Quero tanto mudar. Tanto viver intensamente, mas algo sempre me arrasta.
O amor que vivi com ele foi verídico. Foi verdadeiro. Puro. Bonito. É difícil acreditar que vou achar novamente algo assim.

O trabalho vai me enlouquecer. Quero chorar, mas não consigo.



 As lágrimas não veem.

domingo, 9 de dezembro de 2018

Um estalo



Você está se vendo do lado de fora, você está ao seu lado agora, você observa a si mesmo com atenção. Algumas vezes me pego fora de mim, não no sentido ruim, mas no sentido questionador do ser humano. Isso acontece com uma frequência assustadora, esse estranhamento da minha existência.

Estou aqui ao meu lado, estou me vendo e questionando e questionando e questionando....

Estou dentro da realidade?
Você já pensou isso?
Se a figura que encara todos os dias no espelho é a sua mesmo? Se não está dentro das recordações de uma senhora de cabelos grisalhos que tenta se lembrar cada minuto da sua vida?
E se tudo for uma realidade alternativa dentro de um computador? E se tudo que estamos vivendo é um teste?

Estou sentindo essa dor? Estou nesse lugar? Essa experiência é real ou fruto de uma vontade?

Dura alguns minutos, mas meu olhar para, a mente se desliga e tudo a minha volta torna-se incômodo. Qual a necessidade de fazer isso, se eu estiver dentro de uma matrix? E se minha existência for o fruto de uma experiência científica?

E se tudo for manipulação de uma realidade que me mantenha seguindo as regras invisíveis de uma sociedade em erupção?

Fecho os olhos uma vez.
Sorrio.
Estou de volta a realidade imposta.
Estou funcionando.
Estou obedecendo.