caos.
silêncio.
hoje de manhã todos os movimentos se tornaram perceptíveis demais, a noção de mundo muito forte, muito pesada. a cabeça pesada.
deite-me para dormir e acordei com fogos.
fogos?
é, fogos.
de um lado amigos, conhecidos, colegas com medo, do outro lado comemoração, gritaria, algazarra. esperança.
eu desejo ter esperança.
no asfalto, nos jornais, no noticiário, na esquina, mais uma morte. criança, pobre. "tiro acidental"
estamos preparados para andarmos armados?
na cruz jesus disse "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem"
nova era. 4 anos.
a história repetida. ditadura não existiu. holocausto não existiu. ninguém morreu. todo o discurso pregado e repregado pouco importa se não atingir meu telhado. dar de ombros.
nada vai mudar, é só mais um politico. muitos dizem. quem está no poder não importa.
subo o vidro do carro.
o outro não me importa.
egoísmo.
na rua tome cuidado. não seja afeminado. não use roupas curtas, não exija seus direitos. trabalhe e agradeça por trabalhar, não exija nada, nada, não.
silêncio. caos.
cartazes erguidos, protestos, passeatas.
alertas por todo lado.
estaremos todos errados? alarde sem proposito?
quero acreditar.
mas no peito um incessante alarde. medo.
nasci mulher, o medo é uma constante. será se estou falando alto demais? será se estou sendo vulgar demais? tenho direito a fala nessa sala?
caos.
quero soltar fogos também. quero abraçar pessoas queridas. quero segurança também. quero empatia. quero amor. quero paz nesse mundão. nesse brasilzão que parece odiar a si mesmo.
a história eu aprendi. e dela eu vejo se repetir.
quero estar errada. quero admitir estar errada.
estou nesse barco também e não quero vê-lo afundar.
no céu um dia cinzento.
outubro.
fim do ano.
frio, chuva.
medo
caos. silêncio.