Janeiro/24

 quando minha sobrinha nasceu e minha avó a viu a primeira coisa que ela disse foi “que sorte nasceu branquinha”

assim com essas palavras. sem qualquer porém. minha avó tem mais de oitenta anos e qualquer coisa que eu venha tentar a dialogar com ela será inútil. acho que a conheço o suficiente para chegar nessa conclusão. 

o pacto invisível de ganho e patamar social vem acompanhado de branquitude do lado. me relacionei pouquíssimo e quase sempre com pessoas brancas. o erro está em mim, será? ou algo muito mais enraizado que não falamos? 

a primeira pessoa negra que fiquei na vida foi intenso e achei certo dizer pra ele que era meu primeiro beijo de língua. depois disso ele sumiu. literalmente. como se essa intimidade fosse despejar nele algo muito pesado, como, compromisso. 

pras negras sobra pouca coisa. e penso pra caralho nisso. então escolho o amor. da onde ele vier. ser amada é essencial. e busco onde me encontrar. 

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