me vejo.

me vejo

E talvez por me ver demais e tão detalhadamente não gosto de tudo. Não é o bastante. Ainda falta.

É julho outra vez, inferno. Dessa vez tudo está diferente de um jeito não muito agradável.

me vejo

E talvez por me ver demais eu já esteja cansada de mim, de todo conhecimento que tenho sobre mim, das minhas manias, das discordâncias que minha mente me leva, da ininterrupta montanha russa de intensidade em pessoas, lugares e gostos. As vezes cansa demais porque não me entendo até o fim. Não é o bastante. Ainda falta.

muito.

Por vezes me separo de mim mesma e me avalio, me observo e não compreendo tudo. Porque anseio e desejo tanto algo e por que não tenho vontade de lutar por esse algo? Por um sonho? Quando me avalio de fora me julgo criatura medonha, desprezível e preguiçosa demais. A mesmice sempre me assombrou demais e me enlouqueceu uma vez, mas agora que estou acomodada na fileira do teatro que assiste minha vida passar, eu só assisto e esboço reação quando é necessário.

Eu me vejo demais e aprendi a amar tanto de mim externamente, mas esse olhar, esse enxergar não alcança meu âmago por inteiro. Não me revira do avesso e preenche as lacunas que sinto escapar pelos dedos quando tento me visualizar intimamente.

Não sinto vontade de muita coisa dias e dias a fio. Alguns poderiam julgar que tenha algo errado em ser assim, mas talvez isso seja um traço da minha personalidade, não? Esse distanciamento da criatura que sou. Essa visão de cima, de fora, esse julgamento duro que executo de tempos em tempos.

me vejo. demais. pra caralho.

E dói. Dói não ser ainda quem eu sei que eu poderia já ser.
Dói pensar que, talvez, não entenderei tudo que sou. Ou deveria ser.


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