Ansiedade de Julho

São 10 da manhã.

A luz de novo dia invade o quarto, se apossa de cada fresta da janela e me desperta em uma nova manhã.

O desejo súbito de ter feito algo mais cedo.

Ter acordado mais cedo.

 Ter aproveitado cada minuto daquela manhã, naquele novo dia, daquela nova oportunidade de fazer algo novo, de novo, totalmente algo novo.

Novo. Qualquer coisa.

O peito em ansiedade sufoca em falta de ar. Será fruto da doença, a asma? Ou somente minha ansiedade me acorrentando entre o desejo de fazer algo e a impossibilidade de vencer essa ânsia? Essa ansiedade que me aprisiona, tanto meus movimentos, quanto minha respiração, minha vontade, meus desejos, meus sonhos... tão fácil culpar algo que você não pode vencer. Não pode? Eles dirão. Não pode mesmo? – É só deixar pra lá. É, deixa pra lá essa ansiedade. Para de ser ansioso! É só deixar de ser. E você será. É o que todo mundo diz, não é mesmo?

Ou tem medo? Tem medo de vencer a suposta ansiedade e não ter o que culpar, talvez seja somente culpa tua mesmo. Sua preguiça, eles diriam. Talvez seja a sólida manhã que roda o relógio rápido demais e faz o dia se tornar noite sem que você vença seus próprios movimentos. Sem que você tenha controle. Sem que você possa segurar o dia só um pouquinho até conseguir realmente fazer algo proveitoso. Tão mais interessante a procrastinação, a exuberância do nada somado ao novo ano que se inicia com seu aniversário. Um gole de café, rolar na cama de lado, ostentar o celular próximo, a conhecida fadiga, mais um episódio na TV.

Chove lá fora.

O gato incomoda no telhado.

Os latidos de novo.

A dor de cabeça, novamente. Ah, será que devo tentar fazer algo diferente amanhã?


Talvez sim. Talvez eu deva. Talvez consiga. Quem sabe né? 

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