Há alguém encarando a máquina de tirar xerox, uma vez repetida e mais uma vez repetida vez até a outra. 

Há alguém encarando sua tela de celular. Seu rosto de acende pela luz do aparelho e seus olhos estão injetados de prazer mudo, seus lábios se contorcem em um meio sorriso que nunca será visto pela pessoa do outro lado.

Há alguém encarando em silêncio um aviso na parede. Há alguém escrevendo com uma caneta em um caderno, essa pessoa desaprendeu como escrever com caneta, essa pessoa só sabe digitar, seu corretor sempre corrige suas palavras erradas, a caneta não, o caderno não.

Há alguém parado mudo tomando um café do outro lado do escritório. Em uma mão ergue o café, na outra seu celular. Essa pessoa está vivendo aquela vida invisível e sustentada enquanto durar sua bateria.

Há alguém na multidão querendo ser alguém, querendo ser gente grande. Querendo vencer na vida.

Há alguém que você vai esbarrar se não olhar para frente enquanto digita.
Há alguém que você não dirá por favor hoje.
Há alguém que você não dirá obrigado hoje.
Há alguém que você não dirá até amanhã hoje.
Há alguém querendo ser abraçado hoje.
Há alguém que vive uma mentira virtual hoje.
Porque você sempre acha que haverá um amanhã para fazer tudo que hoje não parece necessário.



Há alguém que você não sabe nem mesmo quem, que está visualizando seu perfil nesse momento, se perguntando por que você o atualiza tanto? Você tem tanta vida assim para ser compartilhada? Ou você não tem vida nenhuma e está apenas fingindo?

Deve haver alguém que realmente viva por aí.

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